Reajuste de preços é fruto do início da vigência, agora em fevereiro, das novas alíquotas unificadas do ICMS. Revendedores dizem que não conseguem absorver alta
Por: Marcílio Albuquerque / FONTE: DP
Os pernambucanos se deparam, a partir desta quinta-feira (1º), com preços mais caros na hora de abastecer os veículos. O peso no bolso também se reflete nos revendedores de gás de cozinha, com botijões já apresentando reajuste. A realidade é fruto do início da vigência, agora em fevereiro, das novas alíquotas do ICMS. Conforme pesquisa em 21 postos de combustíveis do Recife, onde as bombas apresentaram, na última semana, a média de R$ 5,44 no litro da gasolina, o salto estimado é para R$ 5,59, a depender do local. Não é diferente para o óleo diesel, escalando de R$ R$ 5,63 para R$ 5,75. A categoria diz que não é possível absorver os custos, enquanto a população se queixa de mais aperto no orçamento. “O preço que vai subir na bomba vai variar entre bairros e cidades, de acordo com cada revendedor e as condições que ele consiga ofertar. No entanto, todos serão obrigados a transferir os encargos que já vem sendo aplicados na hora da aquisição nas distribuidoras”, explica Alfredo Pinheiro Ramos, que preside o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), à frente de 1,6 mil estabelecimentos no estado. Segundo ele, o reajuste pressiona despesas operacionais já presentes. “Temos as tarifas já incutidas para oferecer a venda no cartão de crédito, por exemplo, um atrativo que já não pode faltar. Para além disso, as despesas fixas para se manter de portas abertas, incluindo o recente dissídio no salário dos funcionários. Vivemos uma realidade difícil e sem receber incentivos. De aumento ninguém gosta, mas é necessário”, protesta o empresário. O gás de cozinha (GLP) deve ter uma alta de mais de 2% em relação ao preço médio de compra, de R$ 101. Com o aumento de R$ 0,16 por quilo, o botijão de 13kg pode ultrapassar R$ 105 ou até mais, como já é encontrado em pontos da Região Metropolitana. Em Águas Compridas, em Olinda, um depósito já pratica R$ 110, enquanto que no bairro da Mirueira, em Paulista, já se pode encontrá-lo por R$ 115. O gás de cozinha é um dos itens essenciais mais caros no país, com valores que representam cerca de 15% da renda geral dos lares. O aumento no preço consegue pesar ainda mais para as famílias de baixa renda, que utilizam unicamente o fogão a gás na produção das refeições. Para especialistas, a medida parece distanciar as promessas do governo de tentar reduzir o valor do item para quem mais precisa. “É um problema que chega sob a batuta do presidente Lula, mas que começou a ser desenhado lá atrás. Esse será o primeiro reajuste do ICMS após a mudança do modelo de cobrança do imposto pela lei, sancionada em 2022 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Antes, o ICMS sobre o gás de cozinha era cobrado em valores percentuais, que variava de estado para estado. Agora, passou a ser fixo, mas o resultado tem trazido dissabores. No caso do gás, consegue preocupar muito mais pessoas”, explica o economista Werson Kaval. Procurados pelo Diario, os diretores do Sinregás-PE, entidade que representa as revendas no estado, Evyo Lima e Francinne Gulde, não quiseram comentar o novo cenário. Ainda conforme Kaval, também permeia neste cenário o regresso da cobrança integral do imposto federal Pis/Cofins, que estava zerado desde 2021. “Todo esse conjunto faz parte da meta do governo em tentar zerar o déficit nas contas públicas, mas a consequência pode promover um impacto na inflação”, pondera. Ele lembra que a reoneração das alíquotas do ICMS, na busca por mais recursos para os cofres dos estados, pode acarretar em um efeito cascata, trazendo preços maiores também para outros produtos.GNV MAIS CARO Ainda conforme o Sindicombustíveis-PE, mesmo sem cronograma fixado para este 1º de fevereiro, o Gás Natural Veicular (GNV) também pode sofrer reajustes nos próximos dias. “O que já vinha acontecendo era de o preço subir a cada três meses. Com esta nova realidade, a estimativa é de um aumento na ordem de R$ 0,15 por metro cúbico. Continuará sendo o combustível mais barato, apesar do investimento necessário para a instalação e conversão. Porém, também seguirá a linha de não conseguir bloquear reajustes”, afirmou Alfredo Ramos. Procurada pelo Diario, a Copergás não se posicionou sobre a versão da entidade sindical. No último trimestre, a companhia colocou em prática um reajuste médio de 32,8%, o que levou o gás a saltar cerca de R$ 0,90 por metro cúbico, batendo R$ 4,25 no preço final ao consumidor. A tarifa se manteve nesta média, até ontem, registrando curtas variações.